Você já se pegou passando por tempos difíceis? Em que tudo não parece fazer o menor sentido, e por mais que você se esforce, tudo parece dar errado ou que as coisas nunca vão se ajeitar? Sim, eu sei, são tempos complicados, e quando você está em tempos de conflito, você parece perder tudo e mais um pouco de alguma forma e estas coisas que você perdeu, em nenhuma vida decrescente poderá recuperá-la... Serão coisas eternamente perdidas, se vão para nunca mais voltar... Seus conflitos parecem que desandam tudo em você e a sua volta, e quando você está em meio a esses tempos, você percebe que o mundo não é um bom lugar para se viver, nada parece prosperar, ninguém que ajudar ninguém e tudo é uma pura merda de uma mentira insaciável... Não adianta, não tente, porque não é possível fazer do mundo um lugar melhor para prosperar.
Mas então você deve estar se perguntando: - “Eu nem posso continuar a persistir?” –
Mas persistir pra que? Você não percebe, mas você está em decadência em ventos fúnebres,
já está tão frio para o mundo que parece que você vive com mil invernos
dentro...
Não há nada que se possa fazer, não precisa nem disfarçar
mais, sua vida revela seus olhos cansados, e por mais que você tente dormir a
noite, não é possível distinguir o dia da noite, porque o sol sempre se põe em
um céu sombrio.
Seus anseios, seus desejos mais profundos e minguantes
são trazidos ao fogo e ali, você vê onde sua vida morrendo foi chorada, e então
a sua dor se mistura com a ira... Por um mil anos a noite envolverá os dois, e
tu ouvirá uma voz a lhe dizer quase sussurrando: - “Caminhe pelo caminho estreito, por anos de decadência e sinta a ferida
da alma da vida mais uma vez”.
Você está morrendo agora, porém com a sua morte
você consegue sentir algo divino, e seus olhos benevolentes são algo curativo.
Você ameniza uma discussão agora, uma discussão que poderia terminar em algo
pior, mas por conta disso uma vida preciosa deixar de existir, e mais uma vez
você está em declínio e o Éden é cortado, você tenta se afastar mas tropeça numa
lua que está sob um funeral, então suas lágrimas varrem a costa da vida levando
com ela as almas daqueles que se foram, até o dia em que você não chorará mais,
porque ali você verá a sua própria vida morrendo que foi chorada, por um
mil anos... E mais uma vez, a noite envolverá os dois, e sua dor irá se
misturar com sua ira, em um pôr-do-sol em declínio.
O pôr-do-sol em declínio não faz tanta diferença
agora, pois na vida sofremos o mesmo, mas algo estranho acontece quando o pôr-do-sol
se aproxima, isso acaba estrangulando estranhos no chão sagrado, almas
escurecidas que lá estavam de alguma forma entrelaçadas, juntos no fim da
vida...
Olhe para o horizonte e veja o que se aproxima,
agora abrace a nova divindade ou você mais uma vez irá sofrer em outra vida, e então
eu posso sentir as chamas, o fogo me lambe em vão, porém minha vida já não pode
ser recuperada, nem agora, nem depois, nem nunca mais... Com isso nós cruzamos
nossos corações fracos e no dia em que nossas almas partirem, você verá que a
vida se move das maneiras mais estranhas.
E eu sei que você sabe, porque nós morremos um
pouco, de alguma forma, todos os dias...
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Este texto foi baseado na música At Sixes and Sevens da banda Sirenia.